A primeira coisa que muitos amantes do Habano fazem quando adquirem uma caixa é observar a data estampada no fundo da mesma para assim verificarem qual a data de fabrico. Os mais conhecedores de entre eles sabem que o passar do tempo afecta o sabor e o aroma, da mesma forma como acontece com os melhores vinhos.
As folhas de tripa, capote e de capa que compõem a ligada ou mistura evoluem de forma gradual, sempre que estejam conservadas nas condições correctas.
O ponto de partida deste processo inicia-se na mesa do Torcedor, quando todas as folhas se unem pela primeira vez. Acrescenta-se humidade para tornar mais manuseáveis as folhas, o que provoca uma fermentação final. Os Habanos já torcidos são levados para o Escaparate para um período de repouso. Posteriormente são anillados e colocados em caixas, que se selam e marcam com o mês e ano de fabrico. É neste momento que a idade da caixa ou Vintage de um Habano começa a ser medido.
Os últimos vestígios dos processos que levaram as folhas de tabaco às suas características de sabor permanecem presentes nos Habanos, já elaborados, para continuarem a evoluir com o passar do tempo.
Eventualmente, estes Habanos podem chegar a ser considerados Habanos envelhecidos, mas lembre-se, o Vintage ou envelhecimento do Habano não têm nada que ver com o envelhecimento das folhas de tabaco, nem com o momento em que foram colhidas.
CONDIÇÕES ÓPTIMAS PARA O ENVELHECIMENTO DO HABANO JÁ ELABORADO
O mais importante para que um Habano conserve as suas características iniciais e possa evoluir para oferecer sabores e aromas ainda mais redondos e equilibrados que os do momento da sua aquisição, é mantê-lo a uma temperatura constante e a um nível de humidade suficiente para evitar que os seus aromas se desvaneçam e a sua essência se evapore sem que se desidrate o Habano.
Para que o efeito do passar do tempo, após ser colocado em caixas seja plenamente benéfico, devem ser cumpridos os seguintes requisitos:
• Os Habanos devem ser conservados entre 16 ºC e 18 ºC de temperatura e entre 65 % e 70 % de humidade relativa, para que o delicado equilíbrio de sabores se possa desenvolver correctamente;
• O local deve estar bem ventilado para que se possa dissipar qualquer aroma desagradável.
O CONCEITO DE HABANOS ENVELHECIDOS
Não existe uma teoria única no que concerne ao tempo mínimo que deve decorrer desde que se elaborou o Habano na fábrica até que seja degustado para que possa ser considerado como um Habano envelhecido ou Vintage.
Alguns são da opinião que 5 anos são suficientes para que os benefícios do envelhecimento sejam perceptíveis, outros por sua vez consideram que no mínimo tem que decorrer 10 anos desde da data de colocação na caixa.
Também não existe uma teoria única sobre como evolui o sabor de uma vitola ou marca, em particular, com o passar do tempo.
Muitos livros e artigos têm sido escritos sobre o assunto, contudo, nenhum pode suprir as vitolas que cada fumador tenha acumulado através das suas próprias experiências.
Existem países de grande tradição no hábito de envelhecer Habanos. Por exemplo, no mercado inglês, existiu sempre o hábito de deixar repousar o Habano pelo menos por 2 anos antes de ser fumado.
Foi também no Reino Unido, onde o distribuidor de Habanos, no território britânico realizou em 2008 a introdução de Habanos envelhecidos após um período mínimo de 10 anos de envelhecimento nas suas instalações, em perfeitas condições de temperatura e humidade, incorporando uma segunda cinta indicando o seu envelhecimento, especificando em que ano haviam sido produzidos (Vintage).
Não obstante, sempre que respeite as condições ideais de temperatura e humidade poderá fazer a sua própria colecção Vintage com os seus Habanos, envelhecendo-os durante longos períodos de tempo. Existem amantes do Habano e coleccionadores que tornam mais valiosos Habanos envelhecidos com datas muito mais antigas, inclusivamente superiores a 50 anos. A sua paciência poderá ser gratificada em leilões nos quais os Habanos envelhecidos atingem preços que podem atingir os $1.500 por unidade.
O tempo máximo que um Habano pode continuar a ser guardado, melhorando as suas qualidades organolépticas, enquanto é envelhecido, é também um assunto com teorias múltiplas nem sempre coincidentes.
De qualquer forma, o facto de durar o maior período de tempo possível, melhorando, dependerá da mistura e qualidade dos tabacos utilizados na elaboração do Habano que envelheça, bem como da idónea conservação, tanto em termos de temperatura como de humidade, para evitar que o tabaco perda por evaporação os seus aromas.
IDENTIFICANDO A ANTIGUIDADE DE UMA CAIXA
As datas foram incluídas nos fundos das caixas de Habanos desde 1985.
Encontrar a data de manufactura em caixas fabricadas a partir do ano 2000 é relativamente fácil. Entre 1985 e 1999 as datas foram impressas usando códigos de 3 e 4 letras.
De 1985 a 1998 o código utilizado era chamado NIVELACUSO, no qual cada uma das suas 10 letras correspondia a um número como pode ver a seguir:
Com este sistema, observam-se as letras NISC numa caixa e converte-se em 1297, o que significa que a caixa foi cheia em Dezembro de 1997. LUC converte-se em 587, ou seja, Maio de 1987 e assim sucessivamente.
Já em 1998 introduziu-se um novo código chamado CODIGUNETA, para substituir o anterior NIVELACUSO, e a situação tornou-se mais complicada. Em primeiro lugar, a ordem dos números relativamente às letras foi mudada. Assim, uma caixa com as letras UNCC foi produzida em Janeiro de 1999. Em segundo lugar, o código foi decifrado logo e a partir de Maio desse mesmo ano, outro sistema que seleccionava aleatoriamente as letras ou os números, substituiu-o. Estes foram:
EP00 – Maio – 1999
ES00 – Junho – 1999
EU00 – Julho – 1999,
EA00 – Agosto – 1999
EO00 – Setembro – 1999,
LE00 – Outubro – 1999
LL00 – Novembro – 1999
LR00 – Dezembro – 1999
Com esta informação pode-se assim identificar a idade das caixas de Habanos produzidas há mais de um quarto de século. Se quiser aprofundar mais a história, precisará de ajuda para identificar os restantes selos e adesivos que aparecem nas caixas e do conselho de um ponto de venda mais experiente ou de um coleccionador.